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MAURICIO DUARTE DOS SANTOS

 

Poemas que vão direto ao sentimento. Maurício Duarte dos Santos guia-se, com coragem e habilidade, pelo o que incomoda. A voracidade e a liberdade no uso das formas e das dicções dão a tônica de Rumor nenhum.

Fonte do comentário: https://www.estantevirtual.com.br/  

Editora: 7 LetrasAno: 2007  — Estante: Poesia  — ISBN: 9788575774151 

 

 

 

INIMIGO RUMOR – revista de poesia.  Número 17  – 2º SEMESTRE 2003.  Editores: Carlito Azevedo,  Augusto Massi.  
Rio de Janeiro, RJ:  Viveiros de Castro Editora, 2005.  264  p.  
ISSN  415-9767.                       Ex. bibl. de Antonio Miranda




MADRUGADA

                É difícil dizer
qualquer coisa
da vida

por exemplo

quando em um
dia tão comum
como este

numa noite tão
sebosa como esta
sem vento
sem estrelas

neste condomínio
de apartamentos
tão apertados
não noto nada

exceto o tempo
e os dois
relâmpagos
(iluminados

feito
um aviso)

que perpassam
os olhos do gato
na janela em frente.

O meu avô
(ou as vísceras
dentro dele

composição
de nervos e sangue
sabia ia morrer
naquele dia
enquanto buscava
respirar o ar que
já lhe era negado

meu avô aguardou
estóico
o choque surdo
o peito arqueado
em circunvalações

                            se esvaziar
e seus olhos
diziam mais que uma

manhã


o corpo magro levemente
inclinado para frente
me contava de uma
São Paulo antiga
dos velhos prédios
da prefeitura
de uma cidade
que então se fazia
na assinatura tremida
de semi-analfabeto
que quando falava
se ria
(era do interior que vinha o som):
No tempo de Getúlio é que era bom!)
há um urubu e um banquete de tripas

quando vi
meu avô
morrendo de
enfisema pulmonar
no leito de
um hospital
aqueles tubos
como uma
medusa de plástico
sabia que
chegaria minha hora
não sei se de
câncer no testículo
uma bala na cabeça
ou
a foice azul de um anjo

e só penso que
poderiam ter aberto
o peito do meu avô

       no asfalto da rua
e deixado em
exposição  sua lesões das
paredes alveolares
como um mosaico
vermelho vermelho
rebrilhando pontos
de sol na mansidão
opalina do corpo dele
feito um lago
rebrilhando ao sol
rebrilhando rebrilhando
sol


uma luz a menos arde na superfície da tarde

*

VEJA E LEIA  outros poetas de SÃO PAULO em nosso Portal:

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Página publicada em dezembro de 2023


 

 

 
 
 
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